Assumindo o desafio
Trabalhar em um hospital com vítimas recentes de derrames cerebrais era presenciar situações extremas, uma questão de tudo ou nada. Ou eles estavam felizes por estarem vivos ou simplesmente queria morrer. Bastava olhar para saber.
Aprendi muita coisa com Albert sobre derrames cerebrais.
Encontrei-o pela primeira vez, todo curvado na cama em posição fetal, numa tarde em que fazia a ronda dos doentes. Um homem pálido, velho, ressequido, parecendo morto, a cabeça meio escondida pelo cobertor. Nem se mexeu quando me apresentei e não disse uma palavra sequer quando lhe disse que o jantar viria logo.
No posto de enfermagem, um funcionário forneceu-me alguns dados sobre ele. Não tinha ninguém. Já vivera muito. A mulher com quem fora casado durante trinta anos tinha morrido, os cinco filhos já tinham saído de casa.
"Bem", pensei, "talvez eu consiga ajudar." Na época eu era uma enfermeira cheia de corpo mas vistosa, uma mulher divorciada que evitava a população masculina fora do trabalho. Quem sabe eu poderia fazer alguma coisa? Resolvi flertar.
No dia seguinte, em vez do uniforme de enfermeira usei um vestido branco. Luzes apagadas. Cortinas cerradas.
Albert nem se mexeu quando me aproximei. Puxei uma cadeira para perto de sua cama, cruzei minhas pernas diante dele, inclinei a cabeça e dirigi-he um sorriso perfeito.
"Deixe-me em paz. Quero morrer."
"Que pecado, com tantas mulheres sozinhas po aí."
Albert pareceu aborrecido. Fingindo não notar, comecei a tagarelar dizendo como gostava de trabalhar na unidade de reabilitação, porque lá tinha a oportunidade de observar as pessoas atingindo ser potencial máximo. Era um lugar cheio de possibilidades. Ele ficou calado.
Dois dias mais tarde, na troca de turnos, eu soube que Albert tinha perguntado quando eu estaria trabalhando. A enfermeira referia-se a ele como meu "namorado" e o apelido pegou. Nunca o contestei. Quando saía do quarto dele, eu dizia aos outros para cuidarem bem do "meu Albert".
Dentro de pouco tempo , ele concordou em sentar-se na beirada da cama para exercitar a resistência, a energia e o equilíbrio. Consentiu em "trabalhar" com fisioterapia se eu voltasse "para conversar".
Dois meses depois, Albert estava usando um andador. No terceiro mês, passou para a bengala. Às sextas-feiras, comemorávamos as altas dos pacientes com um churrasco. Quando chegou a vez dele, Albert e eu dançamos ao som de canções de Edith Piaf. Foi um parceiro meio desajeitado, mas era ele quem guiava. Nossos rostos estavam molhados de lágrimas quando nos despedimos.
De vez em quando chegavam ao hospital rosas, crisântemos e ervilhas-de-cheiro de presente para mim. Ele estava trabalhando em seu jardim outra vez.
Então, numa tarde, uma linda mulher vestida de azul-lavanda apareceu em nossa unidade do hospital procurando por "aquela enfermeira assanhada".
Minha chefe mandou chamar-me; eu estava dando banho em um doente.
"Então, é você! A mulher que fez meu Albert voltar a lembrar que ele é um homem!"
Abriu um amplo sorriso e me entregou um convite de casamento.
Aprendi muita coisa com Albert sobre derrames cerebrais.
Encontrei-o pela primeira vez, todo curvado na cama em posição fetal, numa tarde em que fazia a ronda dos doentes. Um homem pálido, velho, ressequido, parecendo morto, a cabeça meio escondida pelo cobertor. Nem se mexeu quando me apresentei e não disse uma palavra sequer quando lhe disse que o jantar viria logo.
No posto de enfermagem, um funcionário forneceu-me alguns dados sobre ele. Não tinha ninguém. Já vivera muito. A mulher com quem fora casado durante trinta anos tinha morrido, os cinco filhos já tinham saído de casa.
"Bem", pensei, "talvez eu consiga ajudar." Na época eu era uma enfermeira cheia de corpo mas vistosa, uma mulher divorciada que evitava a população masculina fora do trabalho. Quem sabe eu poderia fazer alguma coisa? Resolvi flertar.
No dia seguinte, em vez do uniforme de enfermeira usei um vestido branco. Luzes apagadas. Cortinas cerradas.
Albert nem se mexeu quando me aproximei. Puxei uma cadeira para perto de sua cama, cruzei minhas pernas diante dele, inclinei a cabeça e dirigi-he um sorriso perfeito.
"Deixe-me em paz. Quero morrer."
"Que pecado, com tantas mulheres sozinhas po aí."
Albert pareceu aborrecido. Fingindo não notar, comecei a tagarelar dizendo como gostava de trabalhar na unidade de reabilitação, porque lá tinha a oportunidade de observar as pessoas atingindo ser potencial máximo. Era um lugar cheio de possibilidades. Ele ficou calado.
Dois dias mais tarde, na troca de turnos, eu soube que Albert tinha perguntado quando eu estaria trabalhando. A enfermeira referia-se a ele como meu "namorado" e o apelido pegou. Nunca o contestei. Quando saía do quarto dele, eu dizia aos outros para cuidarem bem do "meu Albert".
Dentro de pouco tempo , ele concordou em sentar-se na beirada da cama para exercitar a resistência, a energia e o equilíbrio. Consentiu em "trabalhar" com fisioterapia se eu voltasse "para conversar".
Dois meses depois, Albert estava usando um andador. No terceiro mês, passou para a bengala. Às sextas-feiras, comemorávamos as altas dos pacientes com um churrasco. Quando chegou a vez dele, Albert e eu dançamos ao som de canções de Edith Piaf. Foi um parceiro meio desajeitado, mas era ele quem guiava. Nossos rostos estavam molhados de lágrimas quando nos despedimos.
De vez em quando chegavam ao hospital rosas, crisântemos e ervilhas-de-cheiro de presente para mim. Ele estava trabalhando em seu jardim outra vez.
Então, numa tarde, uma linda mulher vestida de azul-lavanda apareceu em nossa unidade do hospital procurando por "aquela enfermeira assanhada".
Minha chefe mandou chamar-me; eu estava dando banho em um doente.
"Então, é você! A mulher que fez meu Albert voltar a lembrar que ele é um homem!"
Abriu um amplo sorriso e me entregou um convite de casamento.
Magi Hart
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