Receita de Ano Novo



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

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Lua E Flor


Eu amava
Como amava um cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...

Eu sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assine em vão...

Eu amava
Como amava um sonhador
Sem saber porque
E amava ter no coração
A certeza é ventilada de poesia
De que o dia, amanhece não...

Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...

Eu amava
Como amava um cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...

Eu sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assine em vão...

Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...

Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...
Oswaldo Montenegro

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Alma gêmea

Aristófanes, contemporâneo de Sócrates, foi um poeta cômico grego que afirmou que no começo dos tempos os homens eram duplos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas.
Esses seres mitológicos eram chamados de andróginos.

Os andróginos podiam ter o mesmo sexo nas duas metades, ou ser homem numa metade e mulher na outra.

Desta forma Aristófanes tentou explicar a origem e a importância do amor.

Esse mito fala-nos que os andróginos eram muito poderosos e pretendiam conquistar o Olimpo dos deuses.

Para esse efeito construíram uma gigantesca torre. Os deuses, com o intuito de preservar o seu poder, decidiram punir aquelas criaturas orgulhosas dividindo-as em duas, criando deste modo os homens e as mulheres.

Segundo ainda o mito, é por esse motivo que homens e mulheres vagueiam infelizes, desde então, em busca de sua metade perdida. Tentam muitas metades, sem encontrar a realmente certa.

A parte do mito sobre a origem da humanidade perdeu-se ao longo das eras, mas a idéia de que o homem é um ser incompleto, na sua verdadeira essência, perdura até hoje.

Talvez seja em função disso que o ser humano busca, incessantemente, por encontrar a sua alma gemea que o venha preencher na sua carência afetiva.

Embora o romantismo tenha sustentado esse mito por milênios, e muitos de nós desejemos que exista essa nossa eterna metade, é no entanto lógico refletirmos um pouco sobre essa incessante busca, à luz da razão.

Se por ventura nós fôssemos seres incompletos, então perderíamos a nossa própria individualidade. Seríamos um espírito pela metade, e não poderíamos progredir, conquistar virtudes, ser feliz, a menos que nossa outra metade se juntasse a nós.

É lógico que ao longo da nossas vivencias vamos encontrar muitas pessoas com as quais temos muitas coisas em comum, mas esses são seres inteiros, e não pela sua metade.

Na realidade o que acontece é que, quando nos cruzamos com uma pessoa com a qual temos afinidades, desejamos retê-la para sempre ao nosso lado.

Até essa momento não existe nenhum inconveniente, mas acontece que geralmente desejamo- nos fundir numa só criatura, como os andróginos do mito.

É pois nessa tentativa de fusão que surge a confusão, pois nenhuma das metades quer abrir mão da sua forma de ser.

Por norma tentamos moldar o outro ao nosso gosto, violentando-lhe a sua individualidade.

O respeito ao outro, a aceitação da pessoa da forma que ela é, sem dúvida, o garante de um bom relacionamento.

Desta forma a relação entre dois seres inteiros é superior à que podia existir entre duas metades.
São as diferenças que dão a tônica dos relacionamentos saudáveis, pois se pensássemos de maneira idêntica à do nosso par, em todos os aspectos, não existiria uma vida a dois.
São pessoas com idéias diferentes que permitem um crescimento mútuo, sem que para tal um pretenda que o outro se modifique de molde a se transformem num só.

Desconheço a autoria

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Antes que elas cresçam

Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.

Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?

A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.

E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com uniforme de sua geração.

Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas.

E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não se repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.

Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.

Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueses e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.

Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos. Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.

Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".

Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade.

E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.

O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.

Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

Affonso Romano de Sant'Anna

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A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.

Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.

Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crinças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

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A carroça vazia

Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você esta ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os auvidos alguns segundos e respondo:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia...

Perguntei ao meu pai: - Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
- Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

"Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho."

Desconheço a autoria

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Todo Dia é Menos Um Dia

Todo dia é menos um dia;
menos um dia para ser feliz;
é menos um dia para dar e receber;
é menos um dia para amar e ser amado;
é menos um dia para ouvir e, principalmente, calar!

Sim, porque calando nem sempre quer dizer
que concordamos com o que ouvimos ou lemos,
mas estamos dando a outrem a chance de pensar,
refletir, saber o que falou ou escreveu.

Saber ouvir é um raro dom, reconheçamos.
Mas saber calar, mais raro ainda.
E como humanos estamos sujeitos a errar.
E nosso erro mais primário, é não saber
Ouvir e calar!

Todo dia é menos um dia para dar um sorriso,
Muitas vezes alguém precisa, apenas de um sorriso
para sentir um pouco de felicidade!

Todo dia é menos um dia para dizer:
- Desculpe, eu errei!
Para dizer:
- Perdoe-me por favor, fui injusto!

Todo dia é menos um dia;
Para voltarmos sobre os nossos passos.
De repente descobrimos que estamos muito longe
E já não há mais como encontrar
onde pisamos quando íamos.
Já não conseguiremos distinguir nossos passos
de tantos outros que vieram depois dos nossos.

E se esse dia chega, por mais que voltemos;
estaremos seguindo um caminho, que jamais
nos trará ao ponto de partida.

Por isso use cada dia com sabedoria.
Ouça e cale se não se sentir bem;
Leia e deixe de lado, outra hora você vai conseguir
interpretar melhor e saber o que quis ser dito.
Carlos Drummond de Andrade

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Eu sabia que você viria

Durante a Segunda Guerra, o horror tomou conta do coração de um soldado americano, quando viu seu mais querido amigo tombar na batalha. Confinado a uma trincheira sob incessantes rajadas de metralhadoras, ele pediu permissão ao seu capitão para ir até a "terra-de-ninguém" e trazer seu companheiro de volta.

— "Você pode ir."— disse o capitão — "Mas não acho que valha a pena. Seu amigo provavelmente esta morto e você estará arriscando sua vida “a toa”.

As palavras do capitão não fizeram qualquer diferença e o soldado partiu assim mesmo. Sob fogo cruzado, o bravo soldado foi atingido por diversas vezes, mas não desistia. Milagrosamente, ele conseguiu chegar até seu amigo. Acomodou-o sobre seus ombros e o trouxe de volta ao seu batalhão.

Tão logo os dois homens saltaram juntos para dentro da trincheira, o capitão checou o inerte soldado e, olhando carinhosamente para seu amigo, disse:

— "Eu falei que não valeria a pena. Seu amigo esta morto e você está gravemente ferido."

— "Valeu sim, senhor" — exclamou o soldado.

— "Como assim?" — perguntou indignado o capitão — "Seu amigo está morto!"

— "Sim, senhor." — respondeu o soldado — "Mas valeu a pena porque quando eu o alcancei, ele ainda estava vivo." E chorando, não de dor, mas de emoção, acrescentou:

— "E eu tive a satisfação de ouvi-lo dizer: “Jim, eu sabia que você viria !"

Desconheço a autoria

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Se Eu Ainda Tivesse...

Se eu ainda tivesse minha vida para viver...
Teria falado menos e escutado mais.
Teria convidado amigos para o jantar,
mesmo que o carpete estivesse manchado e o sofá desbotado.
Teria comido pipoca na sala de visitas
e me preocupado menos com a sujeira
quando alguém quisesse acender um fogo na lareira.
Teria tido tempo para escutar o meu avô relembrar sua juventude.
Nunca teria insistido para que as janelas do carro
ficassem fechadas em um lindo dia de verão,
só para não desfazer meu penteado.
Teria acendido a vela esculpida em forma de rosa
antes que ela envelhecesse guardada.
Teria sentado no chão com as crianças
e não me preocupado com as manchas de graxa.
Teria chorado e rido menos assistindo à televisão...
e mais assistindo à vida.

Teria ido para a cama quando estivesse doente ao invés
de pensar que a Terra iria parar se eu não estivesse lá.
Não teria comprado nada unicamente por ser prático,
não mostrar a sujeira ou ser garantido por toda vida.
Ao invés de passar os nove meses de gestação
desejando que ela chegasse ao fim,
teria curtido cada momento, reconhecendo que a maravilha
crescendo dentro de mim era a única chance
de observar Deus em um milagre.

Quando meus filhos viessem me beijar impetuosamente,
eu nunca teria dito "Mais tarde. Agora vão se lavar para jantar."
Teria havido mais "Eu te amo"...,
mais "Me desculpe"...
Mas principalmente, se me fosse dado mais um pedaço de vida,
eu teria medido cada minuto...
Olhando-o e realmente vendo-o... vivendo-o.

e nunca desperdiçando-o!

Eu teria dito a todos os meus amigos como eu os amo...
e preciso deles!
Erma Bombeck

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Você é Especial

Um famoso palestrante começou um seminário segurando uma nota de 100 reais. Numa sala, com 200 pessoas ele perguntou:

- Quem quer esta nota de 100 reais?

Mãos começaram a se erguer. Ele disse:

- Eu darei esta nota a um de vocês, mas primeiro, deixem me fazer isto!

Então ele amassou a nota. E perguntou, outra vez:

- Quem ainda quer esta nota?

As mãos continuaram erguidas.

- Bom - ele disse - e se eu fizer isto?

E ele deixou a nota cair no chão e começou a pisá-la e esfregá-la. Depois, pegou a nota, agora imunda e amassada, e perguntou:

- E agora? Quem ainda quer esta nota?

Todas as mãos continuaram erguidas.

- Meus amigos, vocês todos devem aprender esta lição: Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês ainda irão querer esta nota, porque ela não perde o valor. Ela ainda valerá 100 reais. Essa situação também se dá conosco. Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos sujos, por decisões que tomamos e/ou pelas circunstâncias que vêm em nossos caminhos. E assim, ficamos nos sentindo desvalorizados, sem importância. Porém, creiam, não importa o que aconteceu ou o que acontecerá, jamais perderemos nosso valor perante o Universo. Quer estejamos sujos, quer estejamos limpos, quer amassados ou inteiros,
nada disso altera a importância que temos.
A nossa valia. O preço de nossas vidas não é pelo que fazemos ou que sabemos, mas pelo que somos!

Desconheço a autoria

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Mãe chata

Enquanto outras crianças comiam doces no café da manhã, eu tinha que "engolir" copo de leite. Enquanto os outros bebiam refrigerantes o dia todo, minha mãe dizia: "Água ou limonada são muito mais saudáveis".

Ela insistia em saber onde eu estava o tempo todo. Dá até pra pensar que eu era o seu pequeno escravo. Ela fazia questão de ficar a par de tudo o que eu fazia e de quem eram os meus amigos. Confesso envergonhado de que às vezes, até levava uma pequena surra dela. Imaginem só, bater numa criança só porque ela respondeu mal ou desobedeceu.

Minha mãe ousou quebrar a Lei de Proteção ao Menor. Verdade. Ela me fazia trabalhar. Eu era obrigado a lavar louça, arrumar minha cama e guardar minhas roupas, enfim.., todas essas coisas horríveis que fazem parte do "trabalho doméstico".

Ela insistia em que eu devia falar sempre a verdade e nada mais do que a verdade. E dizia:
- Uma mentira leva a outra e cada vez fica mais difícil voltar a verdade.

Ela sempre me obrigava a fazer a lição de casa antes de brincar e eu só tinha a permissão para assistir a determinados programas de televisão que ela mesma escolhia. E tudo isso sem mencionar que eu tinha que dormir cedo.

Sempre eu tinha aquela sensaçãode que minha mãe era a mãe mais chata do mundo. Podia eu fingir que estava doente e ficar na cama num dia de chuva e faltar à aula? Jamais. E ainda mais, exigia de mim boas notas na escola. Inadmissível um vermelho no boletim.

As sextas-feiras à noite, tínhamos reunião de família (que chatice), enquanto meus amigos iam ao cinema e organizavam festinhas.

Quando adolescente poucas coisas mudaram. Enquanto meus amigos ganhavam seus próprios carros, eu tinha que trabalhar para poder comprar o meu. Eles ganhavam mesadas dos pais, mas eu era obrigado a prestar contas de todos os meus gastos.

E sempre com minha mãe atrás, consegui completar (e com que esforço) o colegial. E em seguida, a faculdade. Mamãe jamais me perdia de vista, vigiando-me para que eu sempre, enfrentasse a realidade, sem jamais poder me esquivar de alguma situação mais difícil; e, é claro, sempre, exigindo que eu falasse unicamente a verdade.

Mamãe obrigou-me a crescer como adulto honesto e educado, temente a Deus e com um amor que só hoje posso compreender. A mãe mais chata do mundo é a pessoa que me tornou o homem que sou hoje.

E agora, quando vejo muitos dos meus amigos que obtinham tudo sem qualquer esforço, com uma mãe bacana "demais" - então eu entendo e dou ainda mais valor a minha mãe.

Ela me ensinou a dar o verdadeiro valor às coisas, com ela aprendi a pensar não somente em mim, mas também na família e nos amigos, a lutar com empenho pelos meus ideais e a dizer sempre somente a verdade.

Agora quando meus filhos chamam a mim e minha esposa de chatos, pelas mesmas razões, fico tranqüilo e tenho a certeza de que algum dia, eles compreenderão, porque são o que há de melhor em nossas vidas.
Desconheço a autoria

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Sakyamuni

O leite fresco demora em coalhar; assim, os maus atos nem sempre trazem resultados imediatos. Esses atos são como brasas ocultas nas cinzas e que, latentes, continuam a arder até causar grandes labaredas.
Sakyamuni

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